Durante passeio na Avenida Paulista nesta terça-feira, 29, a mexicana - que há dois anos mora em Madri com o namorado -, relembrou os bastidores da novela, o que aconteceu ao fim da trama, e deu conselhos à garotada. “Tomem como um trabalho, mas como uma brincadeira também, e saibam que é uma coisa que vai mudar sua vida”.
Confira o bate-papo:
Como eram as gravações da novela?
- Era o dia inteiro, não era igual aqui que tem meia jornada. Era outro ritmo de gravação, ao mesmo tempo em que a novela estava no ar. Tínhamos um tutor que dava aulas para a gente poder seguir com a escola e não perder o ano. Éramos como irmãos. A minha irmã Ingrid nasceu quando estava no meio de Carrossel e eu passava muito mais tempo ali com as crianças que com qualquer pessoa da minha família.
Quem era mais sua amiga?
- Acho que o elenco estava dividido entre os menores e os maiores, porque a diferença de idade era muita. Quando se é criança a diferença de quatro anos é muito.
Você ainda tem contato com os colegas da novela?
- Tenho contato com quase todos no Facebook, mas uma coisa que é certa é que quando você termina o primário é muito difícil que tenha os mesmos amigos. Eu gosto muito deles, é uma época muito importante que marcou a minha vida, mas agora todos têm profissões muito diferentes.
Ser famosa 20 anos atrás era mais fácil do que hoje?
- Acho que hoje é muito mais difícil. Para mim, a vida do famoso agora é muito complicada. Eu gosto de vir aqui e que ninguém saiba quem eu sou. Gosto de estar em Madri, eu saio todo os dias, tomo café com o meu namorado, tenho uma vida muito normal que eu adoro. Quando era criança ser famosa era não poder ir a qualquer lugar. Não é como se me tornasse famosa agora, eu entenderia, mas quando você é uma criança não percebe as coisas da mesma forma.
Como foi para você ser famosa aos seis anos de idade?
- Para mim foi horrível. Às vezes ficava embaixo da mesa e não queria sair porque as pessoas ficavam me olhando, eu era muito rebelde. Minha mãe dizia que eu tinha que ser boas com as pessoas, mas eu tinha seis anos, sete, e eu queria brincar como qualquer outra criança. Essa parte foi muito difícil.
A Valéria era a menina mais sapeca da turma, você era parecida com ela?
- Era igual. Eu vi a Maísa, falei com ela e disse: essa menina é como era eu quando era criança. Porque ela fala como um adulto. Eu fiz o casting com cinco anos e eles ficaram impressionados porque eu era como uma adulta, eu aprendi a ler com três anos.
Como foi quando a novela acabou?
- No começo foi muito difícil porque eram as pessoas que a gente estava todos os dias. O retorno para a escola foi complicado, ninguém falava comigo porque era a Valéria do Carrossel, ninguém sabia muito bem como chegar em mim, eram crianças também. Teve uma época que eu odiava, com uns 15 anos, e as pessoas gritavam ‘ali está a Valéria do Carrossel’ e eu ‘argh’. Mas agora que estou grande acho super bonito que as pessoas lembrem, dizem que eu marquei sua infância... mas teve que passar algum tempo para eu ter essa percepção da época.
Carrossel sempre tratou de bullying, mas essa palavra não era conhecida na época. Vocês tinham noção que rolava racismo e discriminação?
- Acho que parte da novela ter feito tanto sucesso era isso. Quem tinha que ser racista era a Ludwika (Paleta, a Maria Joaquina), que tinha onze anos e ela compreendia perfeitamente do que estava falando. Eu acho que a novela tem uma maneira de falar disso que foi muito precisa e para nós era bom também porque sabíamos que estávamos passando uma mensagem boa sobre as coisas. Como tínhamos tanta diferença de idade, os grandes faziam bullying com a gente (risos). Como de irmãos mais velhos com os mais novos.
Como foi sua carreira quando a novela acabou?
- Fiz duas novelas e depois fui morar perto da cidade do México, mas não mais na cidade do México, o que fez muito mal pra mim porque se você não continua na televisão é como se carreira terminasse. Depois disso eu decidi que queria estudar a carreira completa e isso mudou minha visão, já não queria fazer novelas da Televisa, preferia fazer teatro.
Tem vontade de atuar no Brasil?
- Eu gostaria. Minha tia Cintia klitbo é muito famosa no México, e quando eu era pequena ela falava muito da Globo, as novelas brasileiras são muito boas, já vi Tieta, O Clone, vi a novela das camareiras (Cheias de Charme) que eu gostei muito, vi Chocolate com Pimenta.
E Carrossel?
- Sim. Gostei muito, o elenco é muito esperto.
Algumas pessoas têm comparado e dito que as crianças do elenco original eram melhores...
- Não é verdade. Acho que tem que dar oportunidade aos meninos de agora que são incríveis, eu falei com eles cinco minutos e pude ver que são muito inteligentes. A menina Maísa não é qualquer criança, é muito especial. Acho que a professora está muito bem, é muito bonita, uma pessoa com muito carisma. E não é uma novela para adultos, então não é tão importante a opinião deles (risos). É para crianças e elas que têm que dizer se gostam ou não.
Qual o conselho você dá para as crianças do remake?
- Que tomem como um trabalho, mas como uma brincadeira também e saibam que é uma coisa que vai mudar sua vida, então que tirem o melhor disso. Uma coisa que, afinal, é boa. E não se preocupem com as críticas.
Fonte: Caras
Nenhum comentário:
Postar um comentário